terça-feira, 5 de abril de 2011

QUEM TEM MEDO DE 31 DE MARÇO? ONDE ESTÁ A VERDADE?


REGIME MILITAR: O OUTRO LADO DA HISTÓRIA
PALAVRAS INICIAIS
Todas as ações causam reações e os fatos não ,acontecem sem que haja um motivo. E ao resultado das reações chamamos de conseqüências. Estas podem ser agradáveis ou não, dependendo do que queremos ou pensamos. No caso da Revolução de Março de 1964, alguns fatos precisam ser levados ao conhecimento de muitos que ainda os desconhecem. Precisamos até lembrar àqueles de curta memória, que o comunismo não era nada de extraordinário. Ele já existia desde os tempos de Getúlio Vargas, mas queimava por baixo, de mansinho, procurando uma oportunidade para “dar as cartas”.
Temos visto ao longo dos anos, a revolta de muitos diante da ação dos militares, cujas conseqüências foram abomináveis em quase toda a sua totalidade. Mas será que o golpe militar foi 100% negativo? Será que não ficou nada de bom em todo o seu trajeto? O Regime Militar foi cruel assim ao ponto de sacrificarmos uns e endeusarmos outros? Por que a imprensa tem tanto medo de mostrar o outro lado da história? Por que muitos se acovardam quando se faz necessário dizer a verdade?
Talvez tenhamos esquecido de que muitos dos que se tornaram “heróis”, não passaram de meros aproveitadores de uma situação que poderia ter apresentado um resultado bem diferente, sem a necessidade de tantas atrocidades. Precisamos lembrar que alguns que comandavam a ofensiva contra a ditadura militar, são os mesmos que, hoje, andam de braços dados com outras ditaduras bem mais opressivas do que a ditadura militar vivida pelo Brasil por duas décadas.
Para provarmos o que afirmamos, sem medo e sem covardia, diga-se de passagem, vamos rememorar fatos que nos deixaram estarrecidos. Por exemplo, como se sentiram os brasileiros vendo um presidente abraçado com Fidel Castro, Evo Moralez e Hugo Chaves, os piores ditadores da história moderna? Dá-nos nojo saber que os que se diziam defensores da democracia, não passavam de falsificadores da moralidade nacional. Infiltrar o comunismo no Brasil era, acima de tudo, uma prova de infidelidade aos princípios democráticos.
Foi a partir deste pensamento realista, sem fantasias, que resolvi mostrar os fatos com seriedade e sem quaisquer vínculos com partidos políticos ou coisas parecidas. Entristece-me ver uma imprensa tendenciosa, pronta a mostrar um lado da história para ser simpática com determinados grupos. Assim como milhões de brasileiros, vivi os anos da ditadura e nunca fui torturado e nem impedido de fazer o que tinha vontade. Ao contrário, sempre me senti bem à vontade e muito seguro, sem o trauma dos seqüestros, do banditismo e da violência que hoje assusta o país.
OS FATOS COM TRANSPARÊNCIA E CORAGEM
É difícil convencer alguém à seguinte reflexão:
I - O golpe militar de 31 de março de 1964 foi um acontecimento necessário, considerando-se o seu propósito maior, ou seja, a consolidação da nossa democracia.
II – O comodismo diante do perigo da infiltração comunista no país seria uma subserviência a um regime de governo opressor.
III – Abominam-se as atitudes drásticas que ceifaram a vida de milhares de pessoas, inclusive militares, nunca lembrados nas reportagens atuais.
IV – Aqueles que insuflaram o movimento anti-revolucionário, são os que hoje se acham beneficiados, inclusive sendo mostrados como heróis da resistência nas atuais campanhas eleitorais.
V – Que o lado que a imprensa teima em manter no esquecimento, trouxe-nos resultados positivos, o que não teria sido possível com a implantação do comunismo.
O COMEÇO DE UMA NOVA HISTÓRIA
A história do Golpe Militar de 31 de março de 1964, não se limita aos fatos ocorridos no auge da revolução. Para entendê-la melhor faz-se necessário voltar um pouco no tempo e chegarmos até as comemorações do Dia do Soldado, em agosto de 1961, quando o então presidente Jânio Quadros anunciava a sua renúncia com estas palavras:
“Senhores ministros: Esta reunião se destina a dar-lhes conhecimento de assunto da mais alta gravidade. Acabo de renunciar ao cargo de Presidente da República. Não posso governar com este Congresso. Os senhores organizem uma junta e assumam o poder. O ministro Pedroso Horta irá entregar a carta que efetiva este ato, às quinze horas, para lhes dar tempo de tomarem as medidas necessárias para acautelar a ordem pública.”
Os apelos dos comandantes Sylvio Heck, da Marinha, e Denys, do Exército, não foram suficientes para que ele, Jânio, culminasse o seu anúncio afirmando: “Daqui passarei pelo Alvorada para apanhar minha bagagem, que já está pronta. De agora em diante é com os senhores.” Coloca-se diante de nós a certeza de que tudo já estava preparado e que a renúncia não fora uma decisão impensada. Houve, podemos assim dizer, um
Ninguém entenderia ao certo o que levara Jânio Quadros a tomar esta decisão, depois de presidir as cerimônias do Dia do Soldado. Naquela oportunidade, ele agira de forma natural, entregando condecorações e assistindo ao desfile militar. O que realmente estaria acontecendo nos bastidores do Congresso Nacional? Nas mãos de quem estaria o futuro do Brasil naquele momento? Qual seria a reação do povo brasileiro ao tomar conhecimento da renúncia de Jânio Quadros? Na verdade, a situação política do Brasil estava insustentável e representava um sério perigo para a nossa democracia.
Aqui começa a verdadeira história do Golpe Militar, que culminou três anos depois. É um capítulo da nossa história que não se conta. É que, para muitos, trata-se de um lado podre da política nacional, que não se deve contar aos jovens de hoje. O importante, na realidade é tornar muitos “terroristas” em mártires de uma revolução, cujo objetivo era evitar a infiltração do comunismo no Brasil. Incoerência ou não, a verdade é que não se pode admitir que comunistas lutassem pela democracia.
No governo do povo, para o povo e pelo povo, onde as liberdades de pensamento, a liberdade de expressão e a liberdade religiosa são fatores primordiais para a sobrevivência de uma democracia, o comunismo não aparece como solução. A grande verdade é que o comunismo nos priva desses direitos. Exemplo disso podemos ver em países onde ele manda e desmanda, castrando a liberdade social, política, cultural e religiosa. Entregar nas mãos dos comunistas o destino da Nação era algo que não agradaria aos que não poderiam se desvincular dos seus direitos conquistados ao longo da nossa história.
Com a renúncia de Jânio, que chegou a sugerir a formação de uma junta para assumir o governo, Ranieri Mazzilli, então presidente do Congresso, deveria assumir os destinos da Nação. Era necessário manter o país dentro de uma calmaria, mesmo que esta fosse aparente, ou uma farsa, como desejarem. Mas a renúncia de um presidente não acontece do dia para a noite. Ela é resultado de pressões daqueles que, nas caladas das noites, promovem movimentos sórdidos, em busca de resultados para seus interesses particulares. E isso eles tentam a qualquer preço, até mesmo pelo preço da traição.
O Movimento comunista começava a se propagar, através de pessoas infiltradas no meio operário, entre os homens do campo e, principalmente, entre os estudantes, sensibilizando-os e influenciando-os para um movimento que culminaria com a desestruturação da ordem pública. E o “veneno” começava a fazer efeitos trágicos, levando o país a um caos político e social. Promessas mirabolantes eram colocadas diante deles, fazendo-os acreditar nas fantasias comunistas.
Fazia-se necessária uma cautelosa organização do movimento que eclodiria no dia 31 de março de 1964. Em Minas Gerais, mais precisamente em Juiz de Fora, as reuniões se tornavam cada vez mais frequentes. O coronel João Batista da Costa, chefe do EMR, chegou a perguntar ao General Olímpio Mourão Filho qual seria a finalidade do movimento, recebendo deste a seguinte resposta: “Para o restabelecimento do respeito à Constituição e salvaguarda de nossas tradições.” O coronel se prontificou dizendo: “Conte comigo, General Mourão, estou disposto a combater e morrer a seu lado.”
O movimento teve início no dia 30. Nesta reunião, em Juiz de Fora, o general Mourão, chegou a sugerir o dia 1º de abril para o golpe militar, alegando que ainda aguardava vários esclarecimentos. Ele recebeu do general Carlos Luis Guedes a seguinte resposta: “Não serve; é data que ninguém toma a sério. Em minha opinião estamos perdendo um tempo talvez decisivo; cada dia vale por dois – um ganho por Jango, outro perdido por nós, que já devíamos ter partido desde sexta-feira.”
Pelo desenrolar da história, o golpe militar de 31 de março não foi um movimento mal planejado. A preocupação diante de atitudes tomadas no governo de João Goulart ia tornando cada vez mais premente a necessidade de uma tomada de decisões, mesmo que isso representasse uma insatisfação para alguns, até mesmo de oficiais das Forças Armadas, que não comungavam com o pensamento dos idealizadores da revolução.
APROXIMAVA-SE O DIA 31 DE MARÇO
O dia 31 se aproximava e todos os detalhes eram decisivos para a eclosão do movimento revolucionário. As reuniões passaram a ser realizadas com mais freqüência e no dia 28 todos os comandantes das unidades se reuniram para estudarem os assuntos que, segundo eles, eram de suma importância para o sucesso de suas pretensões.
Estavam em pauta a mobilização geral da Polícia Militar; a coordenação com a Quarta Região Militar; o apoio de grupos e classes; o apoio do governo de Minas Gerais; armamento e equipamento; a aplicação dos planos já elaborados e a indicação de suspeitos a serem detidos.
No dia 29 foi realizada outra reunião, desta feita no gabinete do comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais. Ficou determinado que seria suspenso o curso de aperfeiçoamento de oficiais, com o recolhimento dos capitães-alunos às suas respectivas unidades. Foram suspensas também todas as licenças-prêmio e férias anuais. Na mesma reunião ficou decidido:
a) expedir mandado às unidades para se colocarem em ordem de marcha, com o recolhimento dos destacamentos e a suspensão do policiamento “Cosme e Damião”;
b) determinar à diretoria-geral das escolas de recrutas relativa tolerância para a incorporação;
c) recolher os delegados especiais;
d) promover a atualização dos endereços do pessoal da reserva para convocação;
Eram 10 horas da manhã do dia 29 de março quando o Estado-Maior Geral expediu as ordens de operações 1 e 2. Pela operação 1, todas as unidades e serviços da PM deveriam manter-se em rigorosa prontidão e já mobilizados. Também todos os destacamentos, contingentes e postos policiais deveriam recolher-se, permanecendo nos, pontos vitais. As unidades mobilizadas deveriam compor-se de 3 companhias de fuzis, de 170 homens cada, uma companhia de metralhadoras pesadas, leves ou mistas, de 134 homens.
A Operação 2 determinava, entre outras coisas, o isolamento do Estado de Minas Gerais, ficando a tropa em condições de atuar em várias direções. Determinava também que várias unidades integrassem os diversos destacamentos, com tropas do exército ou não. Tudo corria normalmente, restando apenas a ordem de execução. Os depósitos e postos de combustíveis seriam ocupados e haveria reforços no policiamento das barreiras e pontos de extrema importância. A ocupação imediata de Três Marias também seria ordenada.
Às 14 horas do dia 30 de março de 1964, o comandante, general Carlos Luis Guedes determinou a realização de uma reunião de oficiais e sargentos. Na oportunidade, todos ficaram sabendo que o movimento acabara de eclodir. O general Guedes anunciou:
“Minas está rebelada, com a minha concordância e integral apoio; a partir deste momento, nos desligamos do Governo Federal e passamos a constituir força autônoma integrada na Revolução; não nos conformamos em assistir, passivamente, ao desenrolar de acontecimentos que, fatalmente, nos conduzirão à anarquia e ao caos. Desejo agora ouvir os senhores.”
Notava-se, pelo semblante de cada um, que aquela decisão era desejada por todos. A sorte estava lançada e a partir dali, todas as medidas que a situação exigia foram adotadas de forma imediata e, consequentemente, postas em execução. Foram convocados outros oficias, além dos oito existentes, para a constituição do Estado-Maior Revolucionário.
Mas nem todos acreditavam que a Revolução seria um sucesso absoluto. O general Castelo Branco, por exemplo, em conversa telefônica com o general Guedes, disse para ele ser cuidadosa para não ser massacrado, chegando a sugerir que eles voltassem, mas o general Guedes respondeu que não voltariam e que iriam até o fim.
Outro fator preocupante era a posição tomada pelo governo do Estado de São Paulo. Até o meio-0dia de 31 de março, São Paulo não se manifestara e isso contrariava as expectativas dos revolucionários
O presidente João Goulart, que decidira pela esquerda, recebia o general Kruel que, para ficar ao lado de Jango, pediu que este demitisse Abelardo Jurema, Darcy Ribeiro e considerasse ilegais CGT, PUA, FORUM SINDICAL, UNE, entre outros. Somente desta forma ele, Kruel levaria o II Exército em defesa do seu governo. Em reposta, Jango bastante agitado, gritava que, primeiro iria esmagar Minas, para depois ver o que deveria fazer. Mas a situação não lhe era favorável e, dizendo que ia organizar a resistência, seguiu para Brasília, onde apanhou dez milhões de dólares guardados em sacos e fugiu.
Há fatos que, por mais que tentemos, não conseguimos entender. Na época da deflagração do golpe militar, eu tinha meus 23 anos, idade suficiente para analisar situações. Aceitar o regime comunista nunca esteve em meus planos. Por isso, sempre torci para que o golpe militar tivesse êxito, não com o desfecho trágico, com torturas e mortes. Sempre achava que o exílio seria um bom castigo para aqueles que, direta ou indiretamente, contribuiriam para a implantação do comunismo no Brasil.
Eu não entendia por que aquela gente lutava contra a ditadura militar, ao mesmo tempo em que defendia a ditadura comunista, muito mais nociva aos princípios democráticos. Até achava que muitos que assim agiam estavam sendo manipulados por pessoas inescrupulosas, que visavam tão somente a proliferação da anarquia, estimulados pela chamada “imprensa marrom”, financiada pelo símbolo da foice e do martelo. O brasileiro de verdade, acostumado aos direitos que lhe eram reservados, jamais vestiria a “camisa vermelha” da opressão comunista.
Não estava nos meus planos ver meus filhos manipulados por um regime mesquinho, que delicera a integridade moral do cidadão. Não participei de nenhum movimento político. O golpe militar não me atraiu por optar por torturas e mortes. O movimento anti-revolucionário não passava de uma ganância de uma dúzia de subversivos travestidos de “salvadores da pátria”. Melhor seria olhar de longe, esperando uma terceira opção.
Espero que a imprensa livre e imparcial tenha a coragem de mostrar aos brasileiros de hoje o outro lado da moeda. Por exemplo, ter a hombridade de relatar o que de positivo ficou ao longo dos 24 anos de ditadura militar. Seria ótimo mostrar a quantidade de assaltos, seqüestros, greves depredadoras, invasões criminosas do MST existentes naquele período. Assim poderemos fazer uma análise mais profunda e bem mais responsável do movimento de 31 de março de 1964.